A audiência
A rainha-mãe nos contou a história da sua vida. Embora minhas colegas já conhecessem não se cansavam de ouvir. Cada vez que a rainha-mãe falava, mesmo que suas palavras fossem as mesmas, a história ganhava novos significados. No começo era apenas ela, uma jovem formiga alada, sobrevoando a floresta após o voo nupcial. Sozinha, encontrou um local na terra e começou a cavar. Com as próprias patas abriu o primeiro túnel do formigueiro. Cavou fundo e se entocou lá embaixo, onde desovaria. Mutilou-se. Arrancou as belas asas, rica fonte de proteína, e assim se alimentou. Quando chegou o tempo certo, desovou. Botava um ovo por dia. Foi assim que surgiram as primeiras operárias. Com a ajuda das filhas, a colônia cresceu. Hoje são centenas, perfeitamente organizadas, vivendo num sistema eficiente e próspero. E de pensar que tudo começou com uma mãe solteira… Ela era um exemplo de vida para nós. A combinação da força de vontade de um indivíduo com o poder de realização do coletivo. Eu era uma privilegiada por ter chegado até ali. Como eu gostaria de levar esses aprendizados de volta comigo, para a minha vida entre os humanos. Isso, claro, considerando que eu voltaria à minha antiga anatomia.
2 comentários
índigo, vai ter mais aventuras? Pleasseee.
Abraços!
Veremos…