Contos do corpo, 30 – O oceano pré-histórico
Até meus quatorze anos eu não sabia o que era doença. Não tive nenhuma das doenças típicas de infância, nem caxumba, nem catapora, nem rubéola, nem sarampo, nada disso. Eu queria ter uma doença. Não dessas que acabo de citar, mas algo extravagante, como uma anomalia genética, por exemplo. Queria ter uma síndrome. Idealmente, seria um treco que não tivesse cura, mas também que não fosse me matar a curto prazo. Um disfunçãozinha para me dar um charme especial.
Daltonismo, por exemplo. Eu imaginava o espanto da professora de educação artística perante os meus desenhos. A combinação de cores era tão estapafúrdia que chegava a ser genial, e a consequência é que acabo me tornando uma grade artista plástica que só se veste de preto, por precaução.
Ou uma epilepsia camarada que conseguisse coordenar os ataques de acordo com a ocasião, direcionando-os, de preferência, para as provas de matemática e as aulas de educação física.
Mas, não. Meu corpo era movido a arroz, feijão e bifes, e nada me abatia. Nem a menstruação me deixava de cama, sofrendo, com uma bolsa de água quente em cima da barriga. Todo mês eu me esforçava para sentir alguma coisinha de diferente, um pequeno incômodo que fosse, um sinal de que eu era uma mulher, afinal de contas. Eu nem sabia o que era cólica. Comparada às minhas amigas, me sentia uma degenerada. Até que, três dias após ter voltado do retiro de Jesus, comecei a me sentir estranha. Fui para a enfermaria da escola e disse que não estava bem. A enfermeira mediu minha temperatura.
– É, você está com febre – ela confirmou.
– Sério? – não acreditei. – Quanto?
– Trinta e nove. É melhor você ir pra casa. Vou ligar pra sua mãe.
Trinta e nove de febre era um sucesso absoluto para mim. Fiquei tão orgulhosa que por pouco não comecei a me sentir melhor. Percebendo o perigo, voltei a me concentrar na doença. Talvez a tão esperada anomalia genética estivesse se manifestando com tudo o que tinha direito, finalmente. A febre era apenas o primeiro sintoma de um quadro complicado, que evoluiria para internação.
– Será que vão me internar?
A enfermeira riu pelo nariz.
– Capaz! Isso aí é cama e canja de galinha.
Canja de galinha… Nem respondi.
Chegando em casa, vomitei baldes e mais baldes, e por alguns momentos achei que aquele fosse meu fim. Eu me senti leve e humanitária. De repente bateu uma vontade de ser uma boa pessoa e ajudar a acabar com a fome do mundo. Minha mãe marcou uma consulta com o médico. Lembrei de Jesus, e de tudo o que eu não havia sentido até então.
Liguei para Thaís e perguntei se os vômitos podiam ser um sintoma. Ela respondeu que não, de jeito nenhum, e que era um absurdo imaginar algo assim.
Quanto ao médico, ele até perguntou o que eu estava sentindo, mas quando falei que:
– É mais ou menos como se eu tivesse um oceano pré-histórico dentro de mim, sendo que
– Já entendi – ele me interrompeu e foi prescrevendo um antibiótico.
Minha mãe agradeceu duplamente, pela receita, e por ele não ter dado trela ao oceano pré-histórico.
16 comentários
Olá! Tudo bem por aí? Conseguiu retomar a sua rotina “normal”?
Por aqui estamos ainda vivendo os “efeitos” da sua visita. Cada um quer lembrar de uma resposta sua, de sua sinceridade, de uma das atividades que ocorreram na quinta, do clima que antecedeu a visita. Uma aluna até me contou que na quinta não estava bem, foi para o médico (não era doença inventada!) e voltou para participar pelo menos um pouco da sua visita. Fiquei mais uma vez surpresa. Também estou gostando de ouvir comentários de alunos dizendo que alguns pais estão pegando os livros para lerem também: afinal de quem os filhos tanto falam? Que bom! Por tudo isso e muito mais: Obrigada!!! bjs, saudade!
Oi, Érica
Por aqui tb estou ainda na vibração boa que vocês me deram. Acredita que ontem cortei os cabelos, e agora tenho o mesmo corte do quadro que Adelino pintou. hehehe. Muito legal saber que os pais estão pegando os livros! Acredito na força do efeito dominó.Estou lendo as cartinhas e o livro dos animais de estimação, saboreando aos poucos, e logo escrevo uma resposta geral para a galera. Agora… aluna voltando do médico para ir pra escola é quase miraculoso. Adorei. beijinho e saudades!
Olá Índigo
Como estão as coisas ai?Estamos com o efeito ainda.Nem acreditamos direito no que aconteceu.
Você gostou do livrinho e das histórias?E o vídeo?
Queria também deixar aqui minha gratidão , por você ter sido tão atenciosa e carinhosa.Nos resopondeu com as melhores respostas e foi muito detalhista.Para mim aquele dia foi único e incrível , jamais vou me esqueçer daquele dia…Do almoço , do balanço rs , da sobremesa , dos aut ógrafos , das fotos inclusive da camiseta!!!Gostei muito do geito que você nos tratou . Saudades!Já esperamos anciosos sua volta.Beijinhos.
OI, Beatriz. Foi um dia muito, muito especial e eu saí daí com a alma leve e alegre. Adoro relembrar os flashes do dia. Respondendo suas perguntas: estou terminando a leitura do livrinho e das cartas, e quero comentar tudo por aqui. bjo, Índigo
Que bom que você gostou , porque se depender de nós , isso vai se repetir várias vezes…Com a volta dos confetes rsrs . Foi único e incrível.Agora quando mandarmos mensagens para você , garanto que você irá imaginar cada um , no mundinho azul.
Beijinho.
Sim, eu imagino direitinho! bjo
ola,indigo
tudo bem? achei muito legal sua visita foi uma oportunidade unica,foi bom que nossa escola pode conhecer vc! gostamos muito do jeito que vc nos trato com carinho e atençao,espero que vc tenha gostado! bjus
Oi, Ivonete. Se eu gostei? Amei! Espero voltar outras vezes. Vocês são demais! beijo, Í
Olá!Ìndigo adoremos sua visita no colégio João Gueno,queremos que você volte muitas outras vezes,para que possamos passar outro dia cheio de conversas,alegria,autógrafos e muita comida rsrs
Muitos beijinhos:Duda e Dani
Olá, Duda e Dani. Volto, sim. Se Deus quiser! Adorei ter ido até aí e quero voltar outras vezes. beijo, Í
Ooi indigo,tudo bem ?
adorei sua visita aqui no colégio João Gueno, e vc, gostou do livro dos bichos de estimação que te demos de presente do fundo do coração ? hehe (: .. te achei muito gente boa, simpática e legal e etc ! achei muito legal da sua parte na hora que vc falo que em todo canto que vc olhava tinha uma formiguinha uma flor,é tão bom ouvir isso, porque teve alguns alunos que até falaram “ah, ela nem vai dar bola para o que estamos fazendo e tudo mais” e no fim vc deu valor nisso sim ! e adoro bastante também, e isso faz com o que nos pense que o nosso esforço e nosso trabalho valeu a pena. Obrigado mesmo pela a atenção e paciência que vc teve com a gente 🙂
obrigada pela visita .
Oi, Heloisa. Ah, eu reparei em tudinho, e foi uma pena não ter tido mais tempo. Vocês fizeram um trabalho lindo, caprichado, que nunca vou esquecer. Eu é que agradeço! beijo, Í
Olá índigo,
tudo bem por ai? já estou com saudades de vc..
amei sua visita,espero que vc venha mais vezes,e a gente possa aproveita mais do que a gente ja aproveitou.
Gostei muito de vc,simpática,delicada,e bem educada,
e amei o jeito que vc falou comigo,e o jeito que vc respondeu nossas perguntas.
enfim,ameeeeiiiii vc, sua linda…espero que vc volte….fique com Deus..bjuus :*..te adoro.
Oi, Brenda. Foi demais mesmo. Eu também adorei vocês, com suas perguntas e questionamentos. Era tão legal olhar para vocês e ver a galera de “Índigos” uniformizados. Foi realmente emocionante. Tb já estou com saudades. beijos, Í
Olá Índigo!Tudo bem?
Estamos muito felizes de saber que vc terminou o livrinho que fizemos pra vc.Felizes tbm de saber que vc cortou o cabelo igual ao do quadro<3!Que bom que vc gostou do livrinho!Não pude escrever nele, mas adoro animal de estimação!
BEIJÃO <3
Oi, Gleyce. Pois é, estou aqui com meu novo visu. hehehe. Da próxima vez inclua uma história sua também! beijo, Í