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26 de outubro de 2017
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Ele, o Próprio

Dia desses participei de um exercício em que foi solicitado uma descrição de Deus. Como se veste, aparência física, o que come, onde mora, gênero, idade, um retrato falado.

Minha primeira vontade foi imaginar uma senhora, indiana de preferência, já com seus 70 anos, despretensiosa, paciente e desinteressada pelas coisas do mundo. Em teoria era uma imagem legal, que na prática não funcionou.

A imagem de um homem de barba branca, forte, mais para gordo que magro, descalço, com calça de capoeirista e camisa branca, é mil vezes mais convincente. Ele usa uma corrente dourada no pescoço e tem olhos azuis. Tem um dente de ouro também. Mora numa casinha branca, de tijolinho à vista, com janelas azuis: azul-turquesa. Uma típica casa do centro histórico de Paraty. Não há vidro nas janelas, apenas as folhas de madeira. A porta da casa está aberta, e ele está parado na soleira. A casa fica de frente para o mar. Há um jardinzinho entre a casa e o mar. Nos parapeitos das janelas, Ele deixa alguns objetos, umas estatuetas em bronze, que ainda não consigo identificar. Ele não é uma pessoa fácil. As conversas com Ele são sempre breves. Começam bem, mas logo Ele diz alguma coisa que faz com que eu me cale por incompetência. Porque para seguir conversando, primeiro eu preciso pensar direito. É impossível conversar com Ele sem antes ponderar cada palavra. Ele não tem paciência pra conversinha, mimimi, e é isso o que eu mais admiro Nele. Não que ele seja antissocial, não é isso. Talvez, se eu insistisse, se ousasse mais, Ele até me daria atenção. Pode até ser que me convidasse para entrar. Mas toda vez, eu paro na frente da casa e nem me atrevo a olhar para o jardim. Só de olhar para Ele, e ter uns flashes da casa (tão simples e charmosa), já me encho de alegria e energia. Eu meio que entendo, de um jeito bem abstrato, tudo o que está fora de lugar na minha cabeça e nas minhas atitudes. Percebo também que não preciso ficar ali de papinho, perguntando, questionando, pedido. Olho para Ele e sinto vontade de arregaçar as mangas e voltar rapidinho para a minha vida. Deixo que Ele vá tomar seu banho de mar, coisa que Ele merece mais do que ninguém nesse mundo, e não fico enchendo o saco.

 

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