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19 de janeiro de 2017
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Valentina faz 17

A primeira vez que minha gata Valentina deu sinais de que ia morrer, foi em 2014. Eu estava de malas prontas. Ia embarcar para a Itália no dia seguinte. Ela parou de comer, de se mexer, de miar. Ficou três dias assim, dando a entender que aquela seria nossa derradeira despedida.  Duas semanas depois eu voltei e ela estava melhor do que nunca. Era apenas um draminha para ver se eu desistia da viagem. Ela nunca entendeu minha necessidade de sair de casa.

Em 2015, ela teve uma crise bem escatológica. Ficava vomitando por tudo quanto é lugar. Chamamos a veterinária, que examinou meio por cima e diagnosticou que devia ser o pâncreas. Até esse dia nunca tinha me ocorrido que Valentina poderia ter um pâncreas. Achei o veredito um pouco absurdo. Ignorei a sugestão de tratamento e uma semana depois ela estava ótima. Melhor do que nunca. A única sequela foi que ela ganhou o apelido de Pâncreas. Punks, na versão mais carinhosa.

No ano passado ela foi diagnosticada com câncer de mama. Dessa vez dava para ver o caroço. De todas as ocorrências, essa foi a primeira que levei a sério. O veterinário disse que teríamos de operar o quanto antes. Mas antes precisaríamos fazer uma dieta de engorda. Enquanto fazia a dieta, à base de papinha de bebê, eu observava a minha gata, com seus dezesseis anos. Não… eu não teria coragem de submetê-la a uma cirurgia. Então fui atrás de um método alternativo. Procurei um amigo, e veterinário, Marcos Trench, e ele me propôs um tratamento homeopático para os fortes de espírito. Primeiro conversamos sobre a questão de vida e morte e descobrimos uma afinidade. Concordamos que se havia chegado a hora da minha gata morrer, não iríamos lutar contra, mas encontrar um jeito para que ela fizesse essa transição sem sofrimento. A cirurgia seria sofrida e o pós-operatório pior ainda. Marcos propôs um tratamento que definiria a situação. E aí é que entra o fator coragem. Não teria como prever o resultado. Um mix de oito glóbulos homeopáticos por dia daria uma reorganizada na energia vital da Valentina. Poderia fazer com que o quadro evoluísse rapidamente para a fase final ou inibir a evolução do tumor. Ela passaria a conviver com ele. Assim fizemos.

Quatro meses depois, mais uma vez, ela está melhor do que nunca. Esse ano, completa 17 primaveras. Nunca vi Valentina ser tão cooperativa como durante as seis semanas do tratamento homeopático. Ela tomava os glóbulos e permitia que eu fizesse os curativos, sem escândalo, sem reclamar, comportando-se como a gata mais amigável do mundo, coisa que não é. Parecia que ela estava optando, deliberadamente, por continuar conosco um pouquinho mais. Tem dias em que fico olhando para ela, tentando entender. Ela me olha de volta e diz, do seu jeito, que não considera a morte como uma opção, por enquanto. Ela tem seu cantinho no sofá, gosta dos mimos que recebe, é bem alimentada. Sua vida é bem aconchegante. Além do mais, morrer deve demandar um gasto de energia, além do desgaste emocional. Ela prefere deixar as coisas como estão.

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