A origem da flauta mágica

Eis a história que Mercúrio contou a Argos:

“Era uma vez, nas montanhosas geleiras da Arcádia, uma ninfa das florestas. Seu nome era Syrinx. Ela tinha muitos pretendentes. No entanto, fugia de todos eles. Os sátiros viviam a lhe perseguir, mas Syrinx queria ser como Diana. Seu real desejo era ser capturada pela deusa. Então, um belo dia, Pã a abordou e lhe disse algumas sem-vergonhices.”

Nesse ponto Mercúrio interrompeu a narrativa e reproduziu as palavras de Pã ao ouvido de Argos. Prosseguiu:

“Syrinx virou-se para Pã e disse: nunca! Em seguida, deu no pé. Saiu correndo até chegar ao Rio de Ladon. Ali ela implorou às águas para que alterassem a sua forma. O pedido foi atendido. Quando Pã a alcançou, e agarrou, certo de que havia capturado a ninfa, percebeu que tudo que tinha entre os braços eram juncos. Pã caiu em desespero, chorou. Mas o ar que deixou seu corpo, ao passar pelos juncos, ecoou seu lamento, em forma de suspiros. Pã ficou encantado pela doce musicalidade. Ele juntou os juncos, amarrou um ao outro, e foi assim que surgiu esse instrumento aqui.”

Mercúrio tocou algumas notas na sua flautinha, só para comprovar que a essa altura Argos estava em sono profundo.