Um pavão entra em cena
Retomando a historinha… Estávamos na parte em que Argos cai em sono profundo, após ouvir o relato de Mercúrio, sobre Syrinx que se metamorfoseou num junco, que por sua vez se metamorfoseou na flauta que Mercúrio tocava.
Bem, o que faz Mercúrio então?
Ele pegou o seu cajado e, num golpe certeiro, cortou a cabeça de Argos. A cabeça rolou pelas pedras. Os olhos da fera se fecharam um a um. Juno veio voando, possessa. Ela colheu os olhos e os colocou nas penas de um pássaro. Com esse gesto o pássaro ganhou um requinte especial que ninguém mais tem. Com a adição dos olhinhos esse pássaro passou a ser conhecido pelo nome de pavão. Mas Juno continuava muito, muito brava. Ela queria revanche. Então ela própria se metamorfoseou numa ave e saiu voando atrás de Io, num lance meio Hitchcock, pois a ideia agora era levar Io à loucura. Imagine uma bezerra atormentada por um corvo, algo assim. A bezerra Io mais uma vez sai correndo, tentando fugir do pássaro irritante. Ela corre o mundo inteiro, até chegar ao rio Nilo. Ali ela se ajoelha e suplica a Júpiter que coloque um fim ao seu sofrimento. Ele atende. Júpiter agarra Juno pelas asas e implora para que ela pare com aquilo. Funciona. Juno sossega. A raiva tinha finalmente passado. O feitiço se desfaz e Io volta a ser o que era antes, uma ninfa, sem chifres, pelo ou patas. Final feliz? Há! Não exatamente. Amanhã tem mais.