–              Acho que você vai ter de dormir aqui hoje – disse Morgana.

Olhei pela janelinha esculpida no tronco da árvore. Lá fora era noite fechada. Eu não tinha visto o tempo passar. Hesitei. Embora não sentisse medo, o bom senso dizia que eu deveria sentir. O fato de eu não estar com medo era preocupante. Racionalmente, eu sabia de tudo isso.

–              Relaxa – disse Morgana. – Eu não sou o monstro que você imagina. Aliás, seria muito bom que você passasse a noite aqui pra que eu possa esclarecer várias coisas. Aposto que você tem um milhão de perguntas.

É, eu tinha. E nem sabia por onde começar. Queria saber, por exemplo, se toda criança tem uma bruxa que lhe acompanha durante a infância, assim como temos nossos anjos da guarda. Ou nossos demônios particulares.

–              Não necessariamente – respondeu Morgana. – Depende da vibração particular de cada criança. Algumas são monitoradas por fadas, outras por gnomos. Algumas por monstros do armário. Depende do caso.

–              Você disse “monitoradas”?

–              Sim, até os sete anos de idade nós acompanhamos o desenvolvimento dos humanos.

–              Nós quem?

–              Nós – respondeu Morgana, erguendo os braços.

–              Acho que ainda não entendi.

–              Nós, os seres encantados.

–              E pra que vocês nos monitoram?

–              Pra ver com quem poderemos contar no futuro. Você, por exemplo, era uma aposta.

–              Eu? Por quê?

–              Porque você acredita em qualquer coisa.

Modificado pela ultima vez: 26 de outubro de 2014

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Índigo, estou adorando as suas histórias da floresta. 🙂

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