De onde surgiu a ideia?
No caso de “Meu amigo Ovídio”, foram dois pontos de partida.
Uma frase que minha mãe sempre me dizia, quando eu era criança.
“Só não perde a cabeça porque está grudada no pescoço”.
E do comportamento da minha gata, Valentina, que dorme sobre os meus pés. Valentina tem quatorze anos. Há quatorze anos, toda noite, eu sinto um peso quente e fofo nos meus pés. Noite após noite, durante quatorze anos. Isso teve efeito direto no meu inconsciente. Agora, quando sonho, levo Valentina junto. Ela sempre está presente, mesmo que fique parada num cantinho. Aliás, são poucos os sonhos em que ela é a protagonista. Normalmente está ali presente, me observando, da mesma forma como se comporta no dia a dia. Mas aí é que está a trucagem da mente. Eu sei que ela detesta sair de casa. Então, nos meus sonhos, ela não vai de corpo inteiro. Nos sonhos ela surge apenas como uma cabeça flutuante. Lembra do gato sorridente da Alice? É aquilo. O corpo continua no plano material, em cima dos meus pés. É uma solução genial que ela mesma desenvolveu. Invade meu inconsciente sem largar do meu pé. Intuitivamente acabei usando essa habilidade especial em “Meu amigo Ovídio”, onde conto a história de um menino que também se divide em corpo e mente.
2 comentários
Oque é? E quem é Valentina?
Oi, Índigo.
Aproveitando as perguntas de Bebedouro e depois de ter lido o primeiro capítulo de “Meu amigo Ovídio”, vou mandar uma no estilo pergunta nada a ver: essa coisa do menino perder a cabeça no parque me fez lembrar do conto “Amor”, da Clarice Lispector (a mulher fica meio avoada porque viu um cego mascando chiclete e esquece da vida enquanto passa o dia no Jardim Botânico), e suas estórias têm um que de existencialistas (percebeu a viagem da pergunta?). Conclusão, a bruxa Clarice é autora que você gosta e te influenciou de alguma maneira?
Pergunta longa. Desculpe.
Abraços.