Idade do Ouro
A Idade do Ouro foi a primeira época em que nutriu por sua própria vontade, justiça e direito; não lei. Nenhuma punição foi necessária. O medo era praticamente desconhecido, e as tábuas de bronze não continham nenhuma ameaça legal. Nenhuma multidão suplicante se apresentava à face dos juízes. Não havia juízes. Não havia necessidade deles. As árvores ainda não haviam sido cortadas e transplantadas, para enfeitar outras plagas. Os homens sentiam-se contentes em seus lares, e não viviam em cidades com fossos e muralhas ao seu redor, e sem trombetas para soar alarmes. Coisas como espadas e capacetes eram completamente desconhecidas. Ninguém precisava de soldados. As pessoas eram pacíficas e tranquilas. Os anos transcorriam em paz. E a Terra, livre de problemas, sem ser ferida pela enxada pu pela relha do arado, produzia tudo o que os homens necessitavam, e esses homens eram felizes, colhendo amoras nas encostas das montanhas, cerejas, framboesas e grãos comestíveis. A primavera era permanente, com uma delicada brisa soprando do oeste, beijando delicadamente as flores que os homens não haviam plantado. E a Terra, sem necessitar de plantio, produzia grãos em abundância. O campo, sem cultivo, transbordava de trigo, e havia rios de leire e rios de mel, e néctares dourados escorriam dos troncos verde-escuros dos carvalhos.
Minha única ressalva é quanto a essa mania de botar rios de leite e rios de mel, sempre que alguém descreve o paraíso. Por que não colocar o mel e leite em embalagens individuais, fechadinho, lacrado, pendendo dos galhos das árvores? Podiam ficar dentro de cocos ou melões. A pessoa furava, enfiava um canudinho e tomava. Ou dentro de uma abóbora, para facilitar a vida dos baixinhos. Acho desleixo deixar o leite e o mel correndo a céu aberto, com risco de juntar mosca, sei lá.