Na encruza
Minha casa fica no topo de um morro. Hoje eu ia descendo a ladeira, caminhando sozinha, ouvindo os sons da natureza. Galinhas, passarinhos, nada de muito especial. Foi quando ouvi passos. Por uma trilha paralela vinha uma vaca. Grande, preta, com chifres. No final do morro tem uma encruzilhada. Parei e fiquei. Havia combinado de pegar carona na encruzilhada. Dona Vaca também parou. Eu, na frente de uma porteira e ela na frente da porteira oposta. Ela meteu a cabeçorra entre os vãos da porteira e soltou um portentoso mugido:
– AUMMMMMMMMMMMUUUUUUUUUUUUUUHHHHH!
Conheço essa vaca. É lá que ela mora. O mugido foi para avisar que ela já havia voltado do passeio e estava esperando que alguém viesse abrir a porteira. Ficamos as duas esperando. Lá pelas tantas ela virou o pescoço e me encarou, balançou a cabeça e eu entendi perfeitamente.
“Humanos demoram pra atender.”
“E pra entender também”, respondi.
“Nem fala…” ela disse, e continuamos esperando, quietas e pacientes.
2 comentários
Como vc soube que poderia publicar um livro?
Bjos
Só soube depois que publiquei