Para Karen que escreve músicas e poemas:
Olá, Karen
Tudo bem?
Por aqui, tudo tranquilo.
Primeiramente, agradeço a sua carta. Nela, você toca num ponto que não discutimos até agora. Você comenta que achou difícil escrever uma carta para uma pessoa que não conhecemos. Admito que também achei que esse foi o maior desafio. Da minha parte, foi um processo demorado até encontrar o que dizer e como dizer. Às vezes eu ficava pensando que nada do que eu dissesse poderia ajudar. Por outro lado, eu também conseguia me colocar na pele da população de Brumadinho e intuía que gostaria de receber uma palavra de solidariedade, mesmo que de uma pessoa desconhecida que nunca passou por aquela situação. Tive que fazer alguns rascunhos de carta antes de chegar num texto que eu considerasse adequado.
Não consegui ler todas as cartas que passaram pela minha caixa postal, mas li a grande maioria, e tive uma feliz surpresa. Encontrei cartas que me comoveram pela simplicidade e honestidade. As cartas eram dos mais variados estilos, porém todas tinham uma coisa em comum. Percebia-se que foram escritas com o coração, por pessoas que se sensibilizaram e tentaram encontrar palavras de conforto. Só essa tentativa já gera um efeito especial. Tenho certeza que sua carta foi uma dessas que tocaram o coração de quem a recebeu e contribuíram com um carinho. No fim, não é tanto o que a gente diz na carta, mas a expressão da nossa solidariedade, atenção e conexão com o outro. As palavras nunca são suficientes, mas o ato de escrever é em si muito expressivo, e dá conta do recado.
Beijinho, Índigo