Uma bruxa bem resolvida

Gostei da maneira como a bruxa estava vestida. Eu me encontrava diante de uma pessoa que achou seu estilo pessoal e nunca mais teve de se preocupar com isso. Aposto que se eu abrisse seu armário, encontraria uns quatro ou cinco vestidos do mesmo modelo. O vestido era de tecido sintético, muito levinho, perfeito para o clima úmido da floresta. Seca rápido. Comprimento: abaixo dos joelhos, mas não tão comprido a ponto de enroscar no mato. O decote era em “V”, com botões e mangas compridas com punhos. Ela havia dobrado os punhos até os cotovelos. Inteligente o lance da manga comprida, por causa dos mosquitos, no final de tarde.

Agora seu chapéu estava pendurado no cabideiro. O chapéu era um clássico. Listrado de preto e roxo, e pontudo. Eu daria qualquer coisa para ter um chapéu daquele. Ela também tinha um cajado esculpido como uma cobra coral. Quando entramos na casa ela o deixou apoiado na porta, como que para proteger a entrada.

Seus sapatos também eram perfeitos. Uma bota estilo coturno: confortável e impermeável. Em cada detalhe da vestimenta ela dava provas de sabedoria. Há dias eu vinha considerando arranjar um cajado, mas fiquei encabulada. E por conta disso, vira e mexe sentia pontadas no joelho. Eu tinha muito que aprender com ela. Foi quando percebi que não sabia o seu nome.

– Você não me falou seu nome.

– Morgana.

– Sério?!

– Morgana é tipo Maria, no mundo cristão.