15 anos de colo
Encontrei Valentina numa manhã de sábado de 2001, na Barra Funda.
Lembro exatamente o que eu estava vestindo. Uma camiseta branca com um gato estampado e uma calça cor de rosa. Ela estava dentro de uma gaiola, em frente à loja de ração. Acima da gaiola um cartaz: “Doação”.
Ela cabia na palma da minha mão.
Levei-a para a quitinete onde morava e ela se enfiou debaixo de uma poltrona. Então eu fiz um macarrão, para ver se ela se animava. Aí, sim, ela saiu e veio almoçar comigo. A partir desse dia sempre fizemos nossas refeições juntas.
Mesmo que eu colocasse comida na sua tigelinha, ela esperava que eu desse a primeira garfada.
Agora ela tem quinze anos. Está dormindo profundamente no meu colo, enquanto escrevo esse post. Desde então ela adquiriu as manias mais estapafúrdias, mas nunca deixou de pular no meu colo quando eu precisava de inspiração para escrever. Tem escritor que precisa de café, outros de silêncio. Eu me viciei em ter uma gata no colo.