A fugitiva
Uma voz sussurrou ao meu ouvido:
“Volta lá e pega a vassoura mágica.”
Mesmo assim eu hesitei.
“Ou então você vai se arrepender. E muito.”
Voltei para dentro da castanheira, peguei a vassoura no armário e saí correndo para o meio da floresta, com a certeza de que estava sendo observada. Morgana ia me matar, ou coisa pior. Eu estava lascada. Ouvi barulho entre a folhagem. Era noite. Montei na vassoura. De repente me senti muito ridícula. Nada aconteceu.
A vassoura não decolou. Apenas o barulho na folhagem aumentou e eu ali, crente que algo extraordinário fosse acontecer. Então caí em mim, botei a vassoura debaixo do braço e disparei a correr, o coração saindo pela boca, lágrimas escorrendo pelo rosto. No meio desse desespero me dei conta de que a vassoura era o menor dos meus problemas. Eu também tinha roubado um jarro de poção mágica e a Cobra Coral. Eu tinha assaltado a casa da Morgana sem nem me dar conta do que estava fazendo! Corria e olhava para trás, tropeçando, parecendo
uma doida. De repente senti a vassoura vibrar debaixo do meu braço. Vibrar mesmo. Tive de segurar mais forte, com as duas mãos. Em seguida ela deu um puxão violento e meus pés desgrudaram do chão.