A intervenção de Júpiter
No grande salão de mármore onde, acima de todos, o rei estava sentado, segurando seu cetro de marfim, brandindo três vezes, e de novo, suas horríveis chaves: o sinal que fazia a terra e as estrelas e o ocenao tremerem.
E então ele falou, com violência:
– Eu estava preocupado menos pela soberania de todo o mundo naqueles velhos tempos quando répteis gigantes tentaram, com suas centenas de tentáculos, capturar o Céu. Monstruosos eles eram, e hostis, mas suas guerras derivavam de uma única fonte, um corpo. Agora, onde quer que os deuses do mar rujam em torno da terra, uma raça precisa ser destruída, a raça dos homens. Eu juro! Juro por todos os rios que deslizam por sobre a terra. Eu tentei todas as outras medidas. A lâmina precisa cortar fora o câncer, obstar a infecção enquanto é tempo, para nosso próprio bem. Aqueles semideuses, aquelas presenças rústicas, ninfas, faunos e sátiros, habitantes das florestas e montanhas, ainda não honramos com um lugar no céu, mas eles devem ter um lugar decente para viver em paz e segurança. Segurança? Vocês avaliam que eles estarão a salvo quando eu, que controlo o trovão, que regulo todos vocês, fico sujeito às intrigas do bárbaro Licaon?
De novo o Licaon! Quem diabos é Licaon? Aguardem cenas do próximo capítulo. Mas enquanto isso, só gostaria de deixar registrado que estou com Júpiter. Perceba que ele já não está nem aí para a raça humana. Por ele, a solução é eliminá-la da face da terra. E por quê? Em respeito às ninfas, faunos e sátiros. Pois as criaturas mágicas merecem viver em paz, em bosques bonitos e tranquilos. Eles merecem um ambiente com abundância de fauna, flora e ar puro. Se Júpiter tivesse seguido sua intuição, láááá atrás, hoje o mundo seria uma espécie de Nárnia. Bem mais legal do que a situação atual.