A inundação
Para você que chegou agora: desde o comecinho de janeiro estou reproduzindo (em formato de prosa) “Metamorfoses” do poeta Ovídio, acrescentando meus pitacos. Em itálico, as palavras originais. Abaixo, meus comentários.
Então, na caverna de Eolo, ele aprisionou o vento norte e o vento oeste, e baniu as nuvens, e soltou o vento sul. E o vento sul veio zunindo, com suas asas gotejantes, e seus véus negros como breu, e seu terrível semblante. Sua barba pesava como as nuvens carregadas de chuva, e o cinza que aprisiona uma torrente. Nevoenta é a cor de sua coroa, e suas asas e trajes correm com a chuva. Suas mãos largas espremem as nuvens baixas, e elas se chocam, e um estrondo se segue antes de cair o aguaceiro. E o arco-íris, Íris, extrai a água da terra encharcada e alimenta de novo as nuvens com ela. As plantações estão arruinadas, as preces dos camponeses mostraram-se infrutíferas, e todo o trabalho de um ano inteiro, resultou em nada.
Ok, vamos por partes. Quem é Eolo? Perceba que o autor nem se dá ao trabalho de explicar, mas eu dei uma googlada e confirmei aquilo que eu já suspeitava. Alguns posts atrás nós fomos apresentados aos Irmãos Ventania: Euro, Auster, Bóreas e Zéforo. Cada um comandando um tipo de vento. No entanto, o que nós não sabíamos (até agora) é que acima deles há um Diretor Geral, que comanda os quatro. Sim, Eolo.
Esse é Eolo num dia de bom humor.
Também não posso deixar de comentar a palavra “nevoenta” com descritivo de cor. Adorei. Vou adotar pra mim.