Abraçando árvores (não é de hoje)
No episódio anterior…
Dafne, depois de muito correr pelos bosques, para à beira de um rio e clama ao poder dos rios para que a libertem da perseguição doentia de Apolo.
No mesmo instante os pés da moça criam raízes, seus braços endurecem, retorcem e se tornam ramos; seu corpo, tronco; sua cabeça, copa; seus cabelos loiros, folhas de louro. Apolo finalmente pode abraçá-la. Ele se agarra a ela. Através da madeira, sente o coração pulsando, acelerado. Ele beija o tronco, acaricia as folhas e diz:
– Já que você nunca poderá ser minha noiva, minha árvore pelo menos você será!
Ele lhe faz um derradeiro pedido. Pede sua permissão para que seus louros adornem seus cabelos, e que os vitoriosos romanos possam usar essas folhas como símbolo de triunfo e ovação. Nesse ponto a árvore se comparece, talvez por não suportar mais tamanha insistência, talvez por ser a única maneira de conseguir sossego. Estamos lidando com Apolo. Não é qualquer um. É muita persistência numa pessoa só.