Duelo de forças
A primeira moça que Apolo amou foi Dafne, cujo pai era o deus dos rios, Peneo. Não foi por obra do destino, mas pelo capricho de Cupido. Apolo, cercado de orgulho e glória por ter subjugado Píton, viu Cupido armando seu pequeno arco.
– Ó, jovem tolo.
Ele disse:
– O que você está fazendo com uma arma dessas? Isso é pra gente grande! O arco é para os meus ombros. Eu nunca falho em acertar animais ou mortais. Há pouco tempo matei Píton com incontáveis flechas. Seu grotesco corpo cobria uma imensidão de terreno, e eu o matei! O archote, meu garoto, é o melhor brinquedo para você, para pôr fogo no coração dos apaixonados. Não tente igualar proezas que são minhas.
E Cupido respondeu:
– Seu arco acerta todas as coisas, Apolo – talvez – mas o meu acerta você! Você se coloca acima de todas as criaturas vivas, e só por essa distância sua glória é menos que a minha.
Eu imagino Apolo, todo bombado, sem camisa, se achando o gostosão do pedaço, por ter matado um monstro e ser o todo poderoso, todo superior aos humanoides. Então chega um cupido rechonchudo, baixinho, com jeito de bebê Johnson, e o ameaça. É claro que ele não leva o cupidinho a sério. E aí é que a porca torce o rabo…