Essa sou eu
Uma vez que descobri que estava me transformando num bicho do mato, achei importante identificar a qual espécie do reino animal eu pertencia. A julgar pelo meu comportamento, não era uma ave. Nesses primeiros dias eu ainda estava longe de conseguir voar. Também não era mamífero. Se fosse, eu saberia. Não chegava a ser um réptil, pois eu estava me sentindo soltinha demais, feliz e comunicativa. Bem mais comunicativa do que na minha vida normal. Inseto também não era. Faltava-me a agilidade dos insetos. Mais do que agir, eu preferia observar. Nesses primeiros dias eu tentava encontrar um conforto interno, independentemente do que estivesse acontecendo à minha volta. Conforme fui fazendo esse exercício, ficou óbvio. Eu era um anfíbio.
Havia tanto o que reparar. Era como se eu estivesse num país estrangeiro. Tudo ali era diferente. O jeito de andar, de falar, de comer, de se vestir, de cumprimentar as pessoas, de dormir, de lavar roupa, de ir ao banheiro, tomar banho, cantar e até de tomar água. Uma terra estrangeira onde a única coisa que tínhamos em comum era o idioma.
1 comentário. Aleluia!
Sapa véia, como sempre suspeitei.