Lição número 1
O primeiro aprendizado, na arte de desenhar, foi a importância de ser humilde. Eu odeio essa palavra. Em 90% dos casos em que essa palavra é usada, humilde não significa humilde. Mas nesse caso não tenho escapatória. Estou falando em humildade mesmo. Exemplo prático: estou desenhando uma árvore real. A árvore está bem na minha frente. Eu desenho o tronco do jeitinho que ele é, a posição dos galhos e o formato das folhas. O desenho fica legal. Eu me empolgo e resolvo acrescentar um toque pessoal. Resolvo botar uma arara empoleirada no topo da árvore. Aí é que entra a porção escritora. Não tem arara nenhuma na minha frente. A arara só existe na minha cabeça, mas isso me impede de desenhá-la? Não, claro que não. Eu, escritora, me meto a desenhar uma arara e nem sei bem o motivo. Claro que não dá certo. Fica parecendo o escapamento de um carro que caiu em cima da árvore. Nessas horas eu chego a ouvir a Musa das Artes cagando de rir atrás de mim. Se eu fosse humilde, e me contentasse em copiar o que Deus criou, tudo terminaria bem. Mas eu não me contento com a criação divina. Acostumada a criar sem restrições, resolvo que quero uma arara azul. Pouco importa que esteja a quatro quilômetros da Regis Bittencourt.
2 comentários
Índigo, eu sou uma enooooooorme fã de você e dos seus livros!!! Já que não consegui te mandar um email, eu estou comentando meio “nadave” nesse post (que foi muito legal)mas se é uma forma de te agradecer [por ter escrito obras bem legais que, eu li pela biblioteca do Estado], tá valendo.
Oi, Júlia
Por aqui vale também! Super obrigada. Fico bem feliz de saber que vc curtiu o que leu.
Obrigada pelo retorno.
beijinho, Índigo