Machado de Assis forever
Depois do escarcéu em torno da escrita de Machado de Assis, resolvi voltar a ele, para confirmar se estava ficando louca. Na minha lembrança, o texto era cristalino e fácil. Sim, fácil. Com quatorze anos eu li “Dom Casmurro”, e fiquei fascinada pela história. Fascinada mesmo, a ponto de nem reparar na linguagem. Se encontrei palavras difíceis, passei por cima e deduzi o significado pelo contexto. Não lembro de ter tido a menor dificuldade com o texto. Ao contrário, eu devorei o livro.
Por isso, quando pipocou a polêmica da adaptação do texto, fui conferir. Escolhi “Esaú e Jacó”. Cheguei na última página e imediatamente abri “Memorial de Aires”, que também tracei numa sentada. Minha opinião continua a mesma. Não encontrei nenhuma frase, nenhuma palavra, nenhum trecho que considerei trabalhoso. Nada. Nadinha de nada. Foi como encontrar um velho conhecido.
Machado de Assis é atencioso com seus leitores. É generoso. Ele interrompe a narrativa para explicar a história ou comentar a própria escrita. O tempo todo ele está atento ao leitor. Ele se desdobra para que a história funcione e seja ágil. Se chega num trecho enfadonho, ele simplesmente dá um salto e volta aos assuntos mais interessantes. Aos quatorze anos eu considerava tudo isso muito moderno. Passados tantos anos, minha opinião é a mesma. E tenho a impressão que será sempre assim. Mesmo velhinha, vou voltar a ele e ter o prazer de reencontrar um escritor que consegue me impressionar sempre, em todas as fases da vida.
2 comentários
Oi, Índigo.
Sou eu de novo. Só pra não ser injusto com Machado de Assis, digo que O Alienista eu li e reli algumas vezes. Dom Casmurro realmente não foi difícil, palavras desconhecidas a gente pode encontrar até em escritores contemporâneos, mas ainda continuo achando Memórias Póstumas uma chatice sem tamanho (só a dedicatória aos vermes é que achei bem lega!). Também não acho que tenha que ser adaptado não. E o mais interessante da literatura é isso, as diferentes visões dos leitores. Sobre a sua forma de escrever, eu continuo babando.
Abraços!
Oi, Fabiano. É o que eu digo, metade do serviço fica a cargo do leitor! beijo