O brotinho e o toró
Ontem, cenas assustadoras por aqui. No meio da tarde, cai um toró medonho. Pedras de gelo colidiam contra o vidro da janela, feito mini-meteoros.
Eu, particularmente, gosto de ver a fúria da natureza em ação. Mas então me lembrei do brotinho que acaba de germinar. Ele ainda não tem nem uma polegada de altura. Não passa de um fiapo verde com duas folhinhas na ponta. Uma coisica de nada, frágil e delicada.
Do seu pote na varanda, ele assistiu tudinho. Viu palmeiras se descabelando, galhos robustos sendo arrancados das árvores e voando longe, folhas sendo rasgadas, a colisão dos raios, ouviu a braveza dos trovões. Ele teve uma amostra do que a natureza é capaz. E no entanto, permaneceu firme, na sua fragilidade, apenas observando, disposto a seguir crescendo mesmo assim. Ele confia que tudo vai dar certo. Ele veio ao mundo e está disposto a encarar o que tiver de encarar.
2 comentários
Que coisa mais linda esse trecho, Indigo! De uma tremenda sensibilidade, ainda que com uma linguagem descontraída. Adorei!
Valeu, Erica! Agradeço a visita. Volte sempre. beijo