O homem que lê
Domingo à noite. Estou deitada no sofá, zapando o controle remoto, sem encontrar nada que interesse. Marido está sentado numa poltrona, com o i-pad.
“Você já leu alguma coisa do Philip Pullman?”
Não. Só sei que ele escreveu “A bússola dourada”, entre outras coisas.
Marido conta de um novo livro que Pullman escreveu. Gosto da premissa.
“Baixa a amostra grátis,” eu digo.
Aqui em casa agora tudo é amostra grátis.
Ele baixa.
É domingo. Estou com sono, porém com preguiça de levantar do sofá. Passei o dia lendo. Não aguento ler mais uma linha. Então peço a ele para que leia para mim. Marido começa a ler. Tiro o som da tevê. Depois de mais alguns minutos, desligo a tevê. Ele está lendo com sotaque britânico. Parece um apresentador da BBC. Do rádio, não da TV. Ele dá peso e volume à cada palavra. Sua leitura deixa as frases perfeitas. A narrativa é precisa e envolvente. Por alguns instantes penso que nem será tão tenebroso assim, caso algum dia eu fique cega. (Tenho muito medo de ficar cega). Marido não oscila o tom de voz. É uma leitura sóbria. Ele lê como alguém que aprecia cada escolha do escritor. Sua leitura faz com que eu queira aprimorar minha escrita.
7 comentários
Por que o nome indigo ??
Por que escrever sobre a historia de um menino ??
O que te inspirou a escrever esse livro?
Boa noite Índigo
legal ter marido que gosta de ler e ainda lê pra vc. O meu esta longe numa hora dessa e não gosta de ler.Mas tenho um super filho que devora livros (aprendeu com mamãe kkkkk). Imagine a cena….Noite, muito frio. Eu cansada. Filho bebê no colo, bolsa da Faculdade de um lado e do outro bolsa com frauda, roupinhas e outras coisinhas de criança. Mais uma bolsa pendurada com meus instrumentos de trabalho (na época eu era técnica de enfermagem de um grande Hospital de Curitiba).Pegava meu filho na creche, batia o cartão ponto. Dava mama no peito. Pegava 4 onibus….mais mama no peito dentro do onibus. Troca frauda e ufa….to na faculdade.Até cansei so de escrever, imagina eu vivendo tudo isso aos 25 anos??? Deus meu eu venci com lágrimas, muitas lágrimas e um filho que já é meio pedagogo, afinal ficou comigo 4 anos em uma sala de aula e muitas noites lendo livros de Paulo Freire, Rubem Alves e outros educadores e filosofos. Bom, chega de nostalgia…o tempo passou e hoje, ele le pra mim seus livros de adolecente querendo descobrir o mundo. E o marido???? trabalha, trabalha e quando esta em casa fica bem quietinho olhando a gente ler e diz que prefere ler nossa expressão que se forma em cada página que viramos….Tenho fé que um dia ele irá descobrir o paraiso que existe dentro de cada livro…ops já começou a ler gibi…nem tudo esta perdido kkkkkkkkkk.Meu filho diz que ainda o pai tem salvação. Esses dois são umas figuras. Índigo, força na peruca e que vc tenha sempre muita imaginação pra nos alegrar com seus livros encantadores.
Oi, Tati. Acho tão legal quando leitores compartilham um pouquinho de suas vidas comigo. Adoro saber o que acontece dentro das casas, principalmente durante esse momento tão íntimo que é a hora da leitura. Joga um “Cobras em compota” na mão do seu marido. São textos curtinhos. Quem sabe, juntas, não conseguimos “salvá-lo”. hehehe. beijocas, Índigo
oi ìndigo
Dia 11 é niver do meu maridão pode deixar que vou comprar o livro pra ele. Ajuda eu aiiiii vamos salvar os maridos que ainda não descobriram o prazer da leitura.
Vamos lançar uma campanha: Mulheres leitoras em favor de homens cultos e que leiam mais. Belezinha dona Índigo força na peruca e até a proxima..
Oi, Tatiana. Dou a maior força para a campanha! beijoca, Í