O novo prefeito vem aí…
Aqui em Boca do Acre não há muito o que fazer. Hoje cedo fui ao cartório e consegui o documento autenticado que um amigo havia me pedido. Chegando lá, a rua estava interditada, com polícia e camburões por toda parte. Paralelamente, nas ruas ao redor, o povo soltava rojões. Motos e carros buzinavam. Eu não entendi nada. Então me explicaram que hoje é o dia em que o juiz assina um documento legalizando a eleição do novo prefeito, Iran. À tarde perguntei ao dono do hotel, pois as comemorações continuavam por toda a cidade. Ele me deu a mesmíssima explicação, então deve ser verdade.
Agora à tarde está fazendo um calor digno da região. Eu de fato estava estranhando o clima sereno. Instalei-me no refeitório onde servem café da manhã e estou transcrevendo os diários do vô João, esperando o sol baixar. Graças a Deus aqui não tem horário de verão. Seria demais pra cabeça.
Aqui vai uma fotinho que tirei ontem, do rio Purus. Esse barquinho será minha nova casa, a partir de amanhã.
Enquanto isso, vamos voltar para 1969…
Às 2:25 da madrugada ainda estavam carregando lenha para a Niterói e sua alvarenga. Às 6 hs já havia a Niterói partido. Acordei-me às 6 e logo levantei-me. Teresa levantou-se às 6:20. Às 8 estávamos parados à margem direita, para adquirir comida para o boi que ia a bordo. Sempre havia animais vivos a bordo: bois, porcos, galinhas, etc. A Niterói foi parando por aquêles seringais, Purús abaixo, para pegar lenha. Lenha e mais lenha…, ora numa margem, ora noutra, mas sempre lenha. Chegamos a Santa Fé, bonita e adiantada vila à margem esquerda. Moças e rapazes vieram a bordo. Entre eles havia purinãns. Os purinans são fortes, bonitos, bem vestidos. Moços e moças, todos morenos, claros ou trigueiros, cabêlos e olhos pretos. Uma moça purinã muito robusta e bonita. Um moço purinã ainda não falava nada em português, e quase nada entendia. Pertenciam a um grupo de trabalhadores do Seringal Santa Fé. Teresa, nesta tarde, teve ocasião de socorrer, com penicilina, o Telegrafista da chata, senhor Tarcísio, que havia queimado uma das mãos.
2 comentários
…coisas que não mudam , nem mesmo na boca (da onca): a alegria das cores. Acredito mesmo ser essa a famosa “salvacão”. Eu agora estou bem feliz de ler seu diário de bordo(devo confessar que chorei com saudades de mim e de tudo que podia ter sido e não foi mas(sempre mas…)faz parte das lembrancas do passado que “beiram rio e mar”- como diz nossa senhora dos sete mares…kkkk .Bjs e até.W
nb. estou ligada em vc e vô João.
Falou e disse a Senhora dos Sete Mares! bjo