Ó, Têmis
Para você que chegou agora: desde o comecinho de janeiro estou reproduzindo (em formato de prosa) “Metamorfoses” do poeta Ovídio, acrescentando meus pitacos. Em itálico, as palavras originais. Abaixo, meus comentários.
Eles choraram, e rezaram juntos, e depois de chorarem e rezarem, resolveram fazer um pedido às deusas para conseguir ajuda através dos oráculos. Juntos foram até à beira d’água, o riacho Céfiso, ainda longe de estar limpo, mas já correndo em seu leito. Pegaram um pouco d’água e a espargiram sobre suas fontes, sobre suas vestes e voltaram seus passos na direção do templo das deusas, onde nos altares a chama havia sido extinta. Uma sujeira horrível marcava as colunas frontais. Ao chegarem nos degraus ambos ajoelharam-se e beijaram a pedra fria. Fizeram uma prece:
“Se a fúria dos deuses sempre ouve uma prece correta, Ó Têmis, lhe imploramos, diga-nos de que maneira nossa ruína e destruição pode ser reparada. Ajude-nos, você que é a mais gentil das deusas, a encontrar um caminho alternativo.”
Quando criança eu tinha uma amiga chamada Têmis, coisa que para mim não fazia o menor sentido. Eu achava que, na verdade, o nome dela era Tênis. Considerava sua mãe uma mulher muito moderna por ter dado o nome de Tênis à filha. Achava legal a pessoa se chamar Tênis. Eu nunca tinha nem ouvido falar em Ovídio. As minhas referências eram muito mais de vitrine de shopping que de mitologia.