O terceiro companheiro
Ontem pela primeira vez fiquei trabalhando na minha casinha de gnomo até à noite. Escureceu e eu continuei, embalada na construção de personagens. Pensava comigo: estou sozinha, numa cabana cercada de mata, e não sinto medo. Bom sinal, até que um morcego deu um rasante bem em frente ao monitor. Pulei da cadeira, já catando a vassoura e disparei pela porta.
Ainda atordoada, de vassoura na mão, voltei para espiar e vi um morceguinho perfeito, fofo, com orelhinhas pontudas e bata de vinil, engomada, pendurado numa viga do teto, de cabeça para baixo. Não tem como não achar lindo. Eles são caricaturas perfeitas deles mesmos.
Não sei se vocês já tiveram que lidar com morcegos, mas o que eu aprendi nesses anos de sítio é que não existe a possibilidade de você retirar um bicho desses do ambiente. Eles são muito mais velozes que nós e entram e saem quando querem, por onde acharem melhor. Tudo que pude fazer foi desligar o computador e me recolher. E entender que se eu quiser trabalhar aqui, devo encerrar o expediente enquanto houver claridade. Nunca fui de trabalhar à noite, e o amigo morcego vai me ajudar a continuar assim. Com isso, acho que completei a cota de visitas que toda boa bruxa está acostumada a receber: uma cobra, um sapo (que não registrei aqui, mas veio marcar presença também) e um morcego. Cada um trouxe sua vibração particular e agora posso seguir com as minhas bruxarias por aqui. Coincidentemente, ontem comecei a rascunhar anotações para uma nova história, com elementos sobrenaturais. Agora eles podem seguir o caminho deles. Humanos de um lado da parede, demais criaturas do lado de fora.
1 comentário. Aleluia!
caricaturas perfeitas deles mesmos = melhor definição rs