Projeto escavação arqueológica – dia 11
Hoje, relendo livros que escrevi na minha juventude, descobri algo muito instrutivo. Se não presto atenção, reescrevo o mesmo livro. Explico. Há dois anos escrevi uma história que considerei bacaninha, mas não a ponto de publicar. Até cheguei a mandar para uma editora, mas graças a Deus ela recusou. Então simplesmente esqueci do assunto. Não fui bater na porta de outras editoras e o tempo passou.
Hoje, relendo alguns trechos de um livro que publiquei há sete anos, encontrei cenas que eu havia deletado da minha memória. Porém, o delete não foi absoluto, pois me dei conta que resgatei essas mesmas cenas e as utilizei em outra história (a que considerei bacaninha), plagiando a mim mesma. Foi um choque, naturalmente. Foi também um aprendizado sobre a importância de sempre, sempre seguir minha intuição. Se aceitei a recusa da editora com tanta tranquilidade, só pode ter sido porque, no fundo, eu sabia que a melhor coisa a fazer era desencanar do livro. Se eu tivesse ido atrás, e conseguido publicar, hoje estaria despendendo um dinheirão com advogados, num processo de autoplágio. Se bem que, no fim, eu recuperaria todo o dinheiro.