Trabalhando pelo coletivo
A musiquinha grudou feito um chiclete no meu cérebro. A formiguinha corta a folha e carrega. Quando uma larga, a outra pega. Veja que mistério curioso, a formiguinha ensinando o preguiçoso.
Uma letra aparentemente simples, mas que fala sobre a coletividade. Na minha vida pregressa, de escritora, eu nunca tinha vivido a experiência de ser uma pecinha em meio a uma engrenagem. Como escritora eu vivia isolada numa chácara, trabalhando nos meus livros. Minha interação profissional com o resto do mundo se limitava a troca de emails com meus editores, sendo que isso acontecia uma vez por mês e olhe lá. Achei fascinante descobrir que eu podia contribuir para uma obra conjunta, que minhas funções eram idênticas as de todo mundo. Eu era capaz de assumir a função a partir do ponto em que a companheira havia largado ou então podia largar o batente sabendo que alguém retomaria o meu trabalho, fazendo exatamente o que eu teria feito. Poder me livrar do fardo do trabalho autoral, que dependia exclusivamente de mim, foi a maior sensação de liberdade possível. Entre as formigas eu me sentia amparada e leve. Dava gosto de trabalhar. Fiquei muito apegada a elas. Imagine encontrar um bando de companheiras nas quais você tem confiança total! Tínhamos as mesmíssimas habilidades. No mundo dos humanos eu nunca havia presenciado algo assim. Nunca.
2 comentários
índigo, no começo de sua carreira como escritora, vc escrevia diariamente?Como vc ia descobrindo seu estilo?
Bjos,
PS:vc é uma das escritoras referenciais.Digo que vc está ao lado de Rachel de Queiróz ,Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles.
Oi, Rafael – Sim, escrevia diariamente, menos nos fins de semana. Eu descobria meu estilo escrevendo. Acho que não tem outro jeito.
Tb adoro a Lygia. Ela tb é uma referência para mim. beijos