Enquanto isso, na floresta…

No jardim da infância as aulas já devem ter recomeçado. Eu já voltei a trabalhar. Enquanto escrevo essas linhas, Anaruez, a professora do jardim, deve estar fazendo “a hora da massinha”. Eu estou em São Paulo, e terei um longo dia pela frente.  Aqui estou eu, no jardim da infância, desenhando uma jaca. Repare no... » leia mais

Como deixei de ser um anfíbio – etapa 1

Certo dia, estou saindo do meu banho de igarapé, quando me deparo com uma criatura. Tinha um palmo de extensão, e a maneira como se deslocava era de serpente. Deslizava pela terra. Parecia uma cobra brilhosa e sem cabeça. Sua forma era arredondada em ambas as extremidades. Imagine um churros que criou vida. Se bem... » leia mais

Pássaros que aparecem

Com o passar dos dias a floresta vai retornando para o lugar onde sempre esteve; muito longe daqui. Mas ainda volta no meio da noite, quando, durante o sono, sinto um par de ganchos bagunçando meus cabelos. Apalpo a cabeça e percebo um pássaro empoleirado. Aponto o dedo indicador para que o bicho encontre novo... » leia mais

O que ninguém comenta

Durante esse mês na floresta descobri que geladeira é um item perfeitamente dispensável numa cozinha. Também descobri que eu não morro se fico sem queijo e chocolate. Mas, mais importante de tudo, descobri o valor do pinico. Sim, o bom e velho pinico. Eu nunca tinha usado e sequer imaginava que um dia na minha... » leia mais

Na escuta

É muito fácil se machucar na floresta. Troncos caem na sua cabeça, trechos escorregadios se materializam do nada, formigas invisíveis te atacam. Lá, ou você presta atenção a cada passo ou paga o preço. Meu novo corpo foi uma bênção nesse sentido. Passei a enxergar mais e ouvir em camadas. Ouvia conversas, sons, pios, sussurros... » leia mais

Essa sou eu

Uma vez que descobri que estava me transformando num bicho do mato, achei importante identificar a qual espécie do reino animal eu pertencia. A julgar pelo meu comportamento, não era uma ave. Nesses primeiros dias eu ainda estava longe de conseguir voar. Também não era mamífero. Se fosse, eu saberia. Não chegava a ser um... » leia mais

A hora do banho

Aqui era onde eu tomava banho. Durante meus banhos eu vi: macacos (em bando), gigantescas borboletas azuis, aranhas de todos os tipos, peixes, formigas (sempre), centopeias, lagartas, lacraias e uma serpente negra. Essa última me assustou um pouco, pois ela deslizou pelo meu ombro. Então percebi que era uma madeixa dos meus próprios cabelos molhados.... » leia mais

O período de adaptação

Os primeiros dez dias na floresta foram de adaptação, nada mais que isso. De cara eu tive de me acostumar com a diferença dimensional de tudo à minha volta. Eu nunca tinha encolhido antes, nem sabia que isso era possível. Mas com o passar dos dias descobri que minha nova mini-estatura (12 centímetros) era uma... » leia mais

Ela lá, eu aqui

Agora estou no meu escritório, tentando descobrir como escrever as histórias da floresta. Enquanto eu estava naquele canto tão remoto do planeta, me sentia constantemente vigiada. A floresta não tirava os olhos de mim. A interação começava às seis da manhã, quando um bando de macacos espalhafatosos passava bem perto do meu quarto, fazendo uma... » leia mais

Navegando por um igarapé

Na comparação, o rio Purus seria uma autoestrada de quatro pistas. Ele conecta a  civilização com a floresta, sendo que ele mesmo não é uma coisa nem outra. Ele é um meio. O igarapé é diferente. Ele penetra a floresta. Ele não se sente no dever de levar ninguém a canto nenhum. Ele se enrola... » leia mais